
O consumo de bebidas adulteradas com metanol voltou a preocupar autoridades de saúde no Brasil, após casos recentes em São Paulo resultarem em intoxicações graves e até mortes. Embora seja quimicamente semelhante ao etanol, presente em bebidas alcoólicas comuns, o metanol é metabolizado de forma diferente no corpo humano e pode causar cegueira irreversível ou morte, mesmo em pequenas doses.
Etanol x Metanol: qual a diferença?
Etanol: é o álcool tradicional das bebidas. Ao ser ingerido, transforma-se em acetaldeído, substância tóxica que, em condições normais, é metabolizada pelo fígado em ácido acético, usado pelo organismo como fonte de energia. Mesmo assim, o consumo excessivo pode causar dependência, intoxicação e doenças no fígado, rins e coração.
Metanol: ao entrar no corpo, converte-se em formaldeído e, em seguida, em ácido fórmico, substâncias extremamente tóxicas. O processo metabólico é mais lento, permitindo acúmulo no organismo. O ácido fórmico pode afetar o sistema nervoso e o nervo óptico, levando a alterações visuais e até cegueira permanente.
Riscos para o organismo
Quando há acúmulo de ácido fórmico no sangue, as mitocôndrias – responsáveis pela produção de energia nas células – ficam comprometidas. Isso pode afetar todo o corpo, causando falência de órgãos e risco de morte.
Sintomas da intoxicação por metanol
De acordo com especialistas, os sintomas costumam aparecer entre 12 e 14 horas após a ingestão, mas podem variar. Entre eles:
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Dor abdominal;
- Confusão mental;
- Alterações na visão (embaçamento, pontos pretos, sensação de névoa)
Em casos graves: cegueira temporária ou permanente, convulsões, coma e morte.
A oftalmologista Hanna Flávia Gomes (CBV – Hospital de Olhos, DF) alerta:
“Doses a partir de 10 ml já podem causar cegueira.”
Tratamento médico
Não existem soluções caseiras eficazes. O tratamento deve ser imediato e hospitalar, incluindo:
- Correção da acidez no sangue com bicarbonato de sódio;
- Vitaminas, como o ácido fólico, para ajudar no metabolismo;
- Administração de antídotos, como etanol venoso ou fomepizol;
- Hemodiálise em casos graves, para eliminar o metanol do organismo.
Como se proteger
- Consuma bebidas alcoólicas apenas de fontes confiáveis;
- Verifique sempre lacres, rótulos e selos fiscais;
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado.
Se notar sintomas suspeitos após ingestão, procure atendimento médico imediatamente.
O metanol é uma substância perigosa, que não deve estar em bebidas. Sua ingestão, mesmo em pequenas doses, pode trazer consequências irreversíveis. Casos recentes em São Paulo acendem um alerta para todo o país: a fiscalização precisa ser reforçada, e a população deve estar atenta à procedência do que consome.
